Há personagens que são lembrados pelas obras físicas, pelas pontes,
hospitais, ruas e estradas que construíram. Há também os poetas, os artistas e escritores,
que deixam relevante legado artístico e por isso são lembrados. Mas fundamentais mesmo são os nossos educadores, reais construtores da nossa cidadania.E
quanto a gente pensa em educação, o nome que nos vem à cabeça é o de José
Faustino Gomes. Filho de Cândido Gomes, um educador pioneiro, José Faustino
abraçou as bandeiras do jornalismo e da educação.Como jornalista atuou como
repórter, redator, contato comercial, tipografo, chefiou redações, ajudou a
fundar diversos jornais em Minas Gerais e fundou a primeira rede de jornais
associados em Minas. Como educador, foi responsável por uma verdadeira
revolução educacional em Alvinópolis. Em sua trajetória, trabalhou incansavelmente para que Alvinópolis tivesse uma educação de qualidade. Fez um
trabalho de paciência, arrebanhando alunos onde estivessem, convencendo os pais
sobre a importância de colocarem os jovens na escola. Nesse meio tempo,
enfrentou o preconceito de parte da sociedade, que preferia enviar estudantes
para Ponte Nova, que deixá-los estudar em Alvinópolis. Perseverou no sonho e venceu.
Alvinópolis conseguiu ter uma educação de segundo grau invejável, graças
ao esforço desse grande fantástico Alvinopolense .
Depoimento Sr Nilo Gomes
BIOGRAFIA
Depoimento do Professor José Mauro
"Eu devo muito a José Faustino. Foi por causa dele que pude estudar
e me tornar professor. Eu era morador de Fonseca, nem pensava em estudar, levava
uma vida simples e não me preocupava com o futuro. José Faustino esteve lá em casa,
conversou com meu pai e me levou pra escola. E ele não aceitava não como resposta e nem dificuldade. Eu precisaria de reforço de português e Matemática. Ele ajeitou um
farmacêutico que morava em Fonseca pra me dar aulas. Assim eu me mudei pra
sede do município, onde estudei e depois vim a me tornar professor e a construir minha vida. Ele fez
isso com centenas, com milhares de Alvinopolenses. Balançou toda uma geração
gerando ótimos profissionais e melhorando o nível intelectual da cidade. Foi
empreendedor nato, trabalhou muito, criou sua família na honestidade e não
enriqueceu com isso nem se tornou um homem de posses.
DEPOIMENTO DE DAVID CORREA
Há algumas dezenas de anos
atrás, Modestino me disse bastante emocionado, que minha mãe D. Alódia ao
passar defronte à sua casa, viu D. Castevilla chorando. Perguntada, ela
respondeu que teria que retirar todos os seus filhos do Colégio "Cândido
Gomes", pois não tinham, ela e o Modesto, condições de arcar com as
mensalidades, afinal, eram muitos filhos. Mamãe disse a ela: - Espere aqui um pouquinho. Daí a uns dez
minutos ela voltou acompanhada do José Faustino Gomes que a tranquilizou
dizendo: - Seus filhos não mais pagarão nem um tostão até se
formarem. Assim era o José Faustino. Me lembro de uma passagem inesquecível.
Ele promovia, de vez em quando, diversos sorteios de brindes. Eu tinha 13 anos.
Ele pediu-me que eu segurasse o frango para efetuar o sorteio. Disse: -
Atenção! O número sorteado é o 14! Era o meu número! Entreguei o comprovante e
já saí correndo para minha casa a fim de saborearmos, junto com a família. José
Faustino me lembra os versos de Paulo César Pinheiro" Se eu fosse Deus, a
vida bem que melhorava. Se eu fosse Deus, daria aos que não tem nada". Foi
responsável por melhorar a vida de todos que estudaram no Colégio por ele
fundado. Nos anos 1950 aquelas centenas de pessoas, os milhares de descendentes
tiveram suas vidas direcionadas a um futuro promissor. Ele deixou um raio
luminoso que nunca será esquecido.
Depoimento do Zózimo
A ESCOLA TÉCNICA DE COMÉRCIO PROF. CÂNDIDO GOMES funcionava nas instalações do Grupo Escolar Bias Fortes. Instalações que já faziam parte da minha infância, resolveram voltar na adolescência/juventude. E não houve intervalo de tempo. Passou a existir uma diferença no espírito quanto à maneira de encarar a coisa. No tempo do Grupo, era sem preocupação pois não tínhamos informações suficientes para tanto. Agora, porém, ouvíamos novas nomenclaturas que passariam a, em termos, preocupar: concorrência, mercado de trabalho, continuidade de estudos, testes vocacionais, vestibulares, etc.
Depoimento do Zózimo
A ESCOLA TÉCNICA DE COMÉRCIO PROF. CÂNDIDO GOMES funcionava nas instalações do Grupo Escolar Bias Fortes. Instalações que já faziam parte da minha infância, resolveram voltar na adolescência/juventude. E não houve intervalo de tempo. Passou a existir uma diferença no espírito quanto à maneira de encarar a coisa. No tempo do Grupo, era sem preocupação pois não tínhamos informações suficientes para tanto. Agora, porém, ouvíamos novas nomenclaturas que passariam a, em termos, preocupar: concorrência, mercado de trabalho, continuidade de estudos, testes vocacionais, vestibulares, etc.
Realmente, quem falar que ouvira estas expressões no tempo de Grupo, está enganado ou mentindo. No entanto, posso afirmar, o novo ambiente era de esperança, alegre, sadio, construtivo. Professores de espírito altamente idealista, pessoas que, não obstante o cansaço da jornada diária de trabalho, se dispunham a renunciar ao aconchego da família para ir passar para nós um pouco do muito que sabiam. E não se limitavam à função precípua de fundar, manter e lecionar. Desenvolviam outra função que era “catequizar”. Sim. Catequização de pais e filhos, aqueles instruindo, estes recebendo instruções de que estudar era bobagem. “Fulano, filho de Beltrano nunca estudou, foi para fora e ganha uma fábula”, como se dinheiro representasse o valor maior da vida, ou como se uns três salários-mínimos representassem uma fábula.
Certa vez estava fazendo caminhada na rodovia, junto com o Magela. Conversa vai, conversa vem, ele disse-me que um dia, chegando em casa, viu o Sr. José Faustino, na cozinha de sua casa, tentando convencer à Dona Anita de que todos os filhos deveriam matricular-se no Colégio. Ao argumento dela de que a renda familiar não comportaria tal compromisso, ele retrucou: “Não há problema. Eles entram na condição de bolsistas”. E a bolsa de estudos, lá, não era igual a que conhecemos, que exige cópia do contra-cheque, atestado de residência, atestado de pobreza, compromisso de ressarcimento, etc. Simplesmente, na frente do nome do aluno que constava na ficha de matrícula, ele escrevia a palavra “bolsista” (às vezes, a lápis) e estava deferido o requerimento.
Aquilo era uma convenção para o Tesoureiro, na hora de emitir os carnês, simplesmente pular aquele nome. Decorridos exatos sete anos, aquele nome que antecedia a palavra “bolsista”, passava a constar numa lista colocada em cima de uma mesa bem no centro do palco do Cine Alhambra, onde iriam ser citados os nomes de mais alguns Técnicos em Contabilidade. Que pena que só agora em 2.006, após aposentar-me, resolvi ter a iniciativa de escrever este texto. Que pena que antes eu tinha a correria do dia-adia; que pena que eu só tinha folgas aos sábados e domingos e que teria que dedicar estes dias aos meus filhos que se privavam de mim toda a semana; que pena que eu não pude escrever este texto quando os fundadores do Colégio ainda eram vivos. Como seria bom eu pegar o primeiro exemplar, levar à casa o Sr. José Faustino entregar-lhe e dizer-lhe:
“ Quando, naquela época o senhor não poupava esforços pelos nossos futuros, nós não sabíamos avaliar a sua luta, nós éramos inibidos e não sabíamos falar nada além do trivial em roda de amigos; nós, às vezes, nem gostávamos da sua cara fechada, com a qual o senhor conseguia manter a ordem tão necessária então. Espero que agora o senhor veja o quão valorizamos e somos agradecidos pela garra que o senhor e seus companheiros de luta dedicaram a nosso favor.”
Depoimento Sr Nilo Gomes
José Faustino foi uma pessoa
notável, de rara inteligência, com grandes conhecimentos da língua
portuguesa, orador de primeiríssima qualidade e que versava tudo de improviso.
Foi ele quem levou a Escola Normal para Alvinópolis; o Colégio Comercial
Oficial de Alvinópolis; instalação do município no plano rodoviario do Estado,
pedido feito em 1988 ao Governador Israel Pinheiro. O Sr José Faustino foi
diretor dos colégios. Foi dele também o pedido feito ao Governador Magalhães
Pinto para a construção do Forum em Alvinópolis. Ele também fez pedido ao
Governador Magalhães Pinto para Instalação da Cemig em Alvinópolis e ao Dr.José
Bonifacio de Andrade para a instalação de cursos complementares na cidade e nos
distritos, no que foi atendido. Como jornalista, passou por varias
cidades do Sul de Minas, deixando a melhor impressão sobre a sua pessoa. Em
Alvinópolis, sua terra natal, atuou como secretário geral da prefeitura. Nós
tínhamos um time afinado e José Faustino era uma peça importante.Trabalhou na
Prefeitura como secretario e assessor técnico juntamente com o Dr. Mario França,
Dr. Frederico M. Álvares da Silva e seus auxiliares. Ele era uma
pessoa muito boa, que pautava suas ações nos conhecimentos que
adquiriu dos seus pais e antepassados. Era combativo na defesa de
suas causas, mas respeitava todas as pessoas, principalmente os mais pobres e
indefesos.
Depoimento José Santana de Vasconcelos.
José Faustino foi um sujeito
abnegado pela educação em Alvinópolis. Na época dele, conseguimos
criar o ginásio Estadual Anexo em Fonseca e Major. Santa Barbara não tinha.
Alvinópolis tinha curso técnico, primeiro e segundo grau estadual.
Foi uma grande conquista. Além da dedicação dele com o ensino, participava de
tudo que pudesse vir para melhorar a infra estrutura do município com benefícios
para o povo. Foi uma época muito progressista. José
Faustino era jornalista, falava e escrevia muito bem. Era muito, articulado e
persistente. Eu já tinha alguma influência política e fomos viabilizando as
coisas até conseguirmos construir o novo prédio do colégio, que com muita
justiça levou o nome de Cândido Gomes, pai do José Faustino.
BIOGRAFIA
José Faustino Gomes nasceu
em Alvinópolis, MG, aos 15 de dezembro de 1905, na antiga fazenda
"coati". Filho do Professor e
Jornalista José Cândido Gomes e de Da. Maria Angélica de Abreu Lima Gomes ,
ficou órfão de mãe aos 5 anos, perdendo o pai aos 13 anos de idade. Fez o curso primário na
cidade natal, iniciando o curso secundário no colégio "São Luis",
fundado e mantido por seu pai, estabelecimento de ensino que funcionou até
1918, encerrando suas atividades por motivo da morte de seu Diretor fundador.
TRAJETÓRIA COMO JORNALISTA
Arauto do Sul existe até hoje |
Em 1920 prestou assistência
técnica na montagem da oficina do jornal " O mineiro", semanário
editado pelo sr. José Morais.
Em janeiro de 1923 foi o
responsável pela montagem da tipografia do jornal " O progresso",
semanário fundado pelo saudoso jornalista Dr Orlando de Souza.
Deixou as atividade gráficas
por algum tempo para trabalhar na Companhia Fabril Mascarenhas, até junho de
1924, quando se transferiu para Varginha, no Sul de Minas, ingressando nas oficinas
do jornal "Arauto do Sul", onde permaneceu até 1926, quando foi
convidado para assumir a chefia editorial do "Diário do Sul", em Três
Corações - um dos primeiros jornais de circulação diária no interior de Minas,
fundado e dirigido por Francisco Pizzolate e Dr. Fábio Pinto Coelho.
Revista Semana Ilustrada. |
VIROU ATÉ TENENTE
Com a eclosão do Movimento
revolucionário de 1932, em São Paulo, passou a prestar serviços, como
jornalista, ao Departamento de Divulgação da Secretaria do Interior de Minas
Gerais, atuando como repórter junto às tropas mineiras que constituíram as
Brigadas Amaral e Lery, no Setor de Poços de Caldas. Comissionado no posto de 2º
Tenente, atuou na vanguarda das tropas como Oficial de Ligação entre a Brigada
Amaral e as tropas federais comandadas pelo General Jorge Pinheiro. Como jornalista e especialmente
na qualidade de oficial comissionado da polícia mineira, após o término da
revolução foi designado para exercer as funções de DELEGADO MILITAR na cidade
paulista de São José do Rio Pardo. Recebido com manifestações de desagrado,
conseguiu apaziguar os ânimos e, ao final da sua espinhosa missão, recebeu
expressiva manifestação de solidariedade de toda a população civil da cidade
através de calorosa mensagem endereçada ao alto comendo das Forças Mineiras,
documento então encaminhado pelo Coronel Leryh Santos ao Estado Maior da Polícia
Militar de Minas Gerais.
RETORNO A ALVINÓPOLIS -
VOCAÇÃO JORNALÍSTICA
Em 1933 retornou a
Alvinópolis, iniciando suas atividades jornalísticas em fevereiro de 1934, quando
lançou " O Popular", semanário noticioso e político, que atuou intensivamente
na vida comunitária alvinopolense.
Em 1926, após a morte do
Professor e Jornalista Pedro Policarpo Moreira, suspendeu a publicação do
"O POPULAR" e assumiu a direção do "O Alvinópolis", cuja
publicação estava interrompida. De 1941 a 1943 residiu em Nova
Era e Itabira ( ambas tinham a denominação de Presidente Presidente Vargas),
mantendo o semanário "O PRESIDENTE VARGAS", que deixou de circular em
1943. Naquelas cidades colaborou
para a difusão do ensino e do esporte. Em Nova Era o jornal patrocinou a
fundação do "COMERCIAL F CLUBE" em colaboração com o esportista
Ilídio Costa( Diló) e em Itabira o jornal prestigiou a fundação do Aéreo Clube
Local e do Vale do Rio Doce Esporte Clube, que depois tornou-se Valério Doce.
ELE FEZ DE TUDO EM
ALVINÓPOLIS
Retornando a Alvinópolis em
setembro de 1945, instalou na cidade a primeira agencia bancária do município,
o Banco Crédito e Comércio de Minas Gerais. Em 1947 foi eleito vereador
à Câmara Municipal, da qual foi secretário até o término no mandato. Em 1948, a convite do então prefeito
Dr. Frederico Marques Álvares da Silva, assumiu as funções de secretário da
prefeitura municipal, cargo no qual se aposentou em 1970 ( De 1936 a 1938
também atuou como Secretário da Prefeitura, afastando-se do cargo em 1939, para
retornar em 1948). Exerceu por alguns anos as
funções de Inspetor Escolar Municipal, tendo sido o idealizador e realizador,
através da Prefeitura Municipal, do primeiro curso intensivo de férias para
professoras rurais, com apoio do Prefeito da época. O curso foi depois
oficializado pelo Governador Milton campos, que o adotou no Estado. Foi um dos principais
fundadores da Associação Rural de Alvinópolis, cuja Secretaria Geral exerceu
durante 12 anos, período em que se realizaram 12 exposições agropecuárias com a
colaboração efetiva de todos os lavradores. Foi ainda, o primeiro a se bater
pela introdução da Fecundação do gado leiteiro, medida alcançada com o apoio do
Dr Gustavo do Vale, Veterinário da Secretaria de Agricultura, que aqui instalou
o primeiro posto de inseminação artificial da região. Tornou-se prática
rotineira para os pecuaristas mais avançados. O resultado é que produção
leiteira de Alvinópolis se consolidou e a cidade tornou-se polo.
Construiu o Alvinopolense FC |
MAS O SEU
GRANDE LEGADO FOI NA EDUCAÇÃO...
O Colégio funcionou por um tempo no prédio da Câmara |
ALVINÓPOLIS EM REVISTA, SUA DESPEDIDA.
Os filhos de José Faustino e o grande Nilo Gomes. |
ESTÁ FALTANDO ALGUMA COISA
Falta a cidade de Alvinópolis reconhecer o valor desse homem notável. Quem sabe com uma uma estátua em ponto de
visibilidade na cidade ou mesmo uma rua com seu nome, onde as pessoas circulem e possam dizer com orgulho: essa rua é uma homenagem a um alvinopolense brilhante, que fez a diferença para o futuro de tantas pessoas e tantas famílias, um Alvinopolense de imenso valor.
MINHA MÃE ERA UMA GRANDE ADMIRADORA DO Sr JOSÉ FAUSTINO E SEMPRE NOS DISSE QUE GRAÇAS A ELE E AO ESFORÇO DOS QUE QUERIAM ESTUDAR E VENCER QUE ALVINÓPOLIS SE ESPALHOU POR TODOS OS LUGARES. ONDE QUER QUE VOCÊ FOR ENCONTRARÁ UM CONTERRÂNEO. SÓ FALTA MESMO UMA AVENIDA COM O NOME DELE EM NOSSA CIDADE.
ResponderExcluirVerdade!Aqui em cuiaba no mato grosso tem um alvinopolense de coração,nasci em BH fui registrado em cuiaba erraram o certidão de nascimento.colocaram como sendo natural de Alvinópolis e assim está até hoje desde 1980.meu pai sim e natural de Alvinópolis.um abraço a todos,cidade mto boa!!!!!
ExcluirA Câmara Municipal já aprovou projeto de dar seu nome a uma rua. Falta só o Executivo fazer sua parte. Posto hoje, 14/10/20.
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