sábado, 9 de junho de 2018

TIOS MUSICAIS

Dois tios meus em ação: Tutuia e Babucho


FAMÍLIA MUSICAL

Minha família por parte do meu pai é muito musical.Desta vez eu vou pedir licença pra falar de 4 tios que ajudaram a moldar a minha músicalidade.  

TIBABUCHO

O primeiro deles é meu tio Babucho. Era conhecido como grande cavaquinista; Era músico intuitivo, desses que toca tudo de ouvido. Ouvia a música uma vez só e já tocava a música inteira.  Também sabia improvisar. Era sentir a linha da música e acompanhar usando cavaquim base ou solo. Também tocava violão muito bem, principalmente samba, chorinho e seresta. A primeira música que fiz na vida tive de recorrer a ele. Influenciado pelo festival de música que nascia na cidade, criei um samba chamado "Venha".  Fui até a barbearia dele com um velho gravador k7 do meu pai, mostrei  a melodia e ele criou um violão maravilhoso ali na hora. Com essa gravação fiz inscrição em meu primeiro festival. Pena que não tenho mais essa gravação.

TITÚIA

Meu tio tutuia também foi uma forte influência por uma razão muito simples: por causa do Baião. Meu tio era fã e divulgador da obra do grande Luiz Gonzaga. Cantava todas as músicas. O curioso é que na época, os baiões eram bem aceitos nos bailes. Ele tinha um repertório vasto. Em sua casa sempre tinha uma banda ensaiando também, com suas  guitarras, baixos, baterias e teclados. Ricardo sempre na bateria, mandando ver. Serginho também por perto. Lembro-me muito de Neguinho também. Mas a parte do Baião era com o Titúia. Outra coisa que não me esqueço é que ele foi a primeira pessoa que conheci na vida que se sensibilizava com a causa dos negros, que foram tão mal tratados no Brasil na época da escravidão.  Tive a oportunidade de interpretar uma música dele num festival que falava sobre isso.


TITONE

Meu pai, conhecido na cidade como Tony Anemia, era chamado pelos sobrinhos de Titone. Sempre adorou música também e tem o vício do assovio. Assovia o dia inteiro até hoje. Com ele conheci a beleza dos boleros de Bienvenido Granda, Trio Los Panchos,  Romanticos de Cuba, também das orquestras de Billy Vhogan, Paul Mauriat, Green Miller,  os tangos imortais, além da MPB. Tenho uma imagem muito forte na memória, de um dia em que chegou em casa com um toca-discos portátil. Aquela era uma máquina fantástica. Ele comprou vários discos e tinha um em especial: o disco "CONSTRUÇÃO" de Chico Buarque de Holanda. Quando ele colocou pra tocar, em princípio tive um estranhamento. Achei a voz, sei lá, de nhem-nhem-nhem. Mas ele adorava e punha pra tocar direto. Acabei ficando viciado também. Depois vieram Gal Costa, Maria Betânia, Roberto Carlos e um tal de Raul Seixas. 

TIJOÃO DE VINA

João Divina gostava de tocar bandolim. Ele tinha sua barbearia, que manteve por anos a fio. Sempre de tardezinha, quando o horizonte já começava a ficar dourado, ele pegava seu bandolim, ligava na caixa de som e tocava as músicas mais lindas do cancioneiro brasileiro. E tocava sem acompanhamento nenhum. Era ele e o bandolim.  E o ar se enchia com aquele som divino, tocado com muito sentimento.