sábado, 9 de junho de 2018

TIOS MUSICAIS

Dois tios meus em ação: Tutuia e Babucho


FAMÍLIA MUSICAL

Minha família por parte do meu pai é muito musical.Desta vez eu vou pedir licença pra falar de 4 tios que ajudaram a moldar a minha músicalidade.  

TIBABUCHO

O primeiro deles é meu tio Babucho. Era conhecido como grande cavaquinista; Era músico intuitivo, desses que toca tudo de ouvido. Ouvia a música uma vez só e já tocava a música inteira.  Também sabia improvisar. Era sentir a linha da música e acompanhar usando cavaquim base ou solo. Também tocava violão muito bem, principalmente samba, chorinho e seresta. A primeira música que fiz na vida tive de recorrer a ele. Influenciado pelo festival de música que nascia na cidade, criei um samba chamado "Venha".  Fui até a barbearia dele com um velho gravador k7 do meu pai, mostrei  a melodia e ele criou um violão maravilhoso ali na hora. Com essa gravação fiz inscrição em meu primeiro festival. Pena que não tenho mais essa gravação.

TITÚIA

Meu tio tutuia também foi uma forte influência por uma razão muito simples: por causa do Baião. Meu tio era fã e divulgador da obra do grande Luiz Gonzaga. Cantava todas as músicas. O curioso é que na época, os baiões eram bem aceitos nos bailes. Ele tinha um repertório vasto. Em sua casa sempre tinha uma banda ensaiando também, com suas  guitarras, baixos, baterias e teclados. Ricardo sempre na bateria, mandando ver. Serginho também por perto. Lembro-me muito de Neguinho também. Mas a parte do Baião era com o Titúia. Outra coisa que não me esqueço é que ele foi a primeira pessoa que conheci na vida que se sensibilizava com a causa dos negros, que foram tão mal tratados no Brasil na época da escravidão.  Tive a oportunidade de interpretar uma música dele num festival que falava sobre isso.


TITONE

Meu pai, conhecido na cidade como Tony Anemia, era chamado pelos sobrinhos de Titone. Sempre adorou música também e tem o vício do assovio. Assovia o dia inteiro até hoje. Com ele conheci a beleza dos boleros de Bienvenido Granda, Trio Los Panchos,  Romanticos de Cuba, também das orquestras de Billy Vhogan, Paul Mauriat, Green Miller,  os tangos imortais, além da MPB. Tenho uma imagem muito forte na memória, de um dia em que chegou em casa com um toca-discos portátil. Aquela era uma máquina fantástica. Ele comprou vários discos e tinha um em especial: o disco "CONSTRUÇÃO" de Chico Buarque de Holanda. Quando ele colocou pra tocar, em princípio tive um estranhamento. Achei a voz, sei lá, de nhem-nhem-nhem. Mas ele adorava e punha pra tocar direto. Acabei ficando viciado também. Depois vieram Gal Costa, Maria Betânia, Roberto Carlos e um tal de Raul Seixas. 

TIJOÃO DE VINA

João Divina gostava de tocar bandolim. Ele tinha sua barbearia, que manteve por anos a fio. Sempre de tardezinha, quando o horizonte já começava a ficar dourado, ele pegava seu bandolim, ligava na caixa de som e tocava as músicas mais lindas do cancioneiro brasileiro. E tocava sem acompanhamento nenhum. Era ele e o bandolim.  E o ar se enchia com aquele som divino, tocado com muito sentimento.



quarta-feira, 9 de maio de 2018

JOSÉ FAUSTINO GOMES, GRANDE JORNALISTA E PAI DA EDUCAÇÃO EM ALVINÓPOIS

Há personagens que são lembrados pelas obras físicas, pelas pontes, hospitais, ruas e estradas que construíram. Há também os poetas, os artistas e escritores, que deixam relevante legado artístico e por isso são lembrados. Mas fundamentais mesmo são os nossos educadores, reais construtores da nossa cidadania.E quanto a gente pensa em educação, o nome que nos vem à cabeça é o de José Faustino Gomes. Filho de Cândido Gomes, um educador pioneiro, José Faustino abraçou as bandeiras do jornalismo e da educação.Como jornalista atuou como repórter, redator, contato comercial, tipografo, chefiou redações, ajudou a fundar diversos jornais em Minas Gerais e fundou a primeira rede de jornais associados em Minas. Como educador, foi responsável por uma verdadeira revolução educacional em Alvinópolis. Em sua trajetória, trabalhou incansavelmente para que Alvinópolis tivesse uma educação de qualidade. Fez um trabalho de paciência, arrebanhando alunos onde estivessem, convencendo os pais sobre a importância de colocarem os jovens na escola. Nesse meio tempo, enfrentou o preconceito de parte da sociedade, que preferia enviar estudantes para Ponte Nova, que deixá-los estudar em Alvinópolis. Perseverou no sonho e venceu. Alvinópolis conseguiu ter uma educação de segundo grau invejável, graças ao esforço desse grande fantástico Alvinopolense .


Depoimento do Professor José Mauro


"Eu devo muito a José Faustino. Foi por causa dele que pude estudar e me tornar professor. Eu era morador de Fonseca, nem pensava em estudar, levava uma vida simples e não me preocupava com o futuro. José Faustino esteve lá em casa, conversou com meu pai e me levou pra escola. E ele não aceitava não como resposta e nem dificuldade. Eu precisaria de reforço de português e Matemática.  Ele ajeitou um farmacêutico que morava em Fonseca pra me dar aulas. Assim eu me mudei pra sede do município, onde estudei e depois vim a me tornar professor e a construir minha vida. Ele fez isso com centenas, com milhares de Alvinopolenses. Balançou toda uma geração gerando ótimos profissionais e melhorando o nível intelectual da cidade. Foi empreendedor nato, trabalhou muito, criou sua família na honestidade e não enriqueceu com isso nem se tornou um homem de posses.

DEPOIMENTO DE DAVID CORREA

Há algumas dezenas de anos atrás, Modestino me disse bastante emocionado, que minha mãe D. Alódia ao passar defronte à sua casa, viu D. Castevilla chorando. Perguntada, ela respondeu que teria que retirar todos os seus filhos do Colégio "Cândido Gomes", pois não tinham, ela e o Modesto, condições de arcar com as mensalidades, afinal, eram muitos filhos. Mamãe disse a ela:  - Espere aqui um pouquinho. Daí a uns dez minutos ela voltou acompanhada do José Faustino Gomes que a tranquilizou dizendo: - Seus filhos não mais pagarão nem um tostão até se formarem. Assim era o José Faustino. Me lembro de uma passagem inesquecível. Ele promovia, de vez em quando, diversos sorteios de brindes. Eu tinha 13 anos. Ele pediu-me que eu segurasse o frango para efetuar o sorteio. Disse: - Atenção! O número sorteado é o 14! Era o meu número! Entreguei o comprovante e já saí correndo para minha casa a fim de saborearmos, junto com a família. José Faustino me lembra os versos de Paulo César Pinheiro" Se eu fosse Deus, a vida bem que melhorava. Se eu fosse Deus, daria aos que não tem nada". Foi responsável por melhorar a vida de todos que estudaram no Colégio por ele fundado. Nos anos 1950 aquelas centenas de pessoas, os milhares de descendentes tiveram suas vidas direcionadas a um futuro promissor. Ele deixou um raio luminoso que nunca será esquecido. 

Depoimento do Zózimo

A ESCOLA TÉCNICA DE COMÉRCIO PROF. CÂNDIDO GOMES funcionava nas instalações do Grupo Escolar Bias Fortes. Instalações que já faziam parte da minha infância, resolveram voltar na adolescência/juventude. E não houve intervalo de tempo. Passou a existir uma diferença no espírito quanto à maneira de encarar a coisa. No tempo do Grupo, era sem preocupação pois não tínhamos informações suficientes para tanto. Agora, porém, ouvíamos novas nomenclaturas que passariam a, em termos, preocupar: concorrência, mercado de trabalho, continuidade de estudos, testes vocacionais, vestibulares, etc.
Realmente, quem falar que ouvira estas expressões no tempo de Grupo, está enganado ou mentindo. No entanto, posso afirmar, o novo ambiente era de esperança, alegre, sadio, construtivo. Professores de espírito altamente idealista, pessoas que, não obstante o cansaço da jornada diária de trabalho, se dispunham a renunciar ao aconchego da família para ir passar para nós um pouco do muito que sabiam. E não se limitavam à função precípua de fundar, manter e lecionar. Desenvolviam outra função que era “catequizar”. Sim. Catequização de pais e filhos, aqueles instruindo, estes recebendo instruções de que estudar era bobagem. “Fulano, filho de Beltrano nunca estudou, foi para fora e ganha uma fábula”, como se dinheiro representasse o valor maior da vida, ou como se uns três salários-mínimos representassem uma fábula.
Certa vez estava fazendo caminhada na rodovia, junto com o Magela. Conversa vai, conversa vem, ele disse-me que um dia, chegando em casa, viu o Sr. José Faustino, na cozinha de sua casa, tentando convencer à Dona Anita de que todos os filhos deveriam matricular-se no Colégio. Ao argumento dela de que a renda familiar não comportaria tal compromisso, ele retrucou: “Não há problema. Eles entram na condição de bolsistas”. E a bolsa de estudos, lá, não era igual a que conhecemos, que exige cópia do contra-cheque, atestado de residência, atestado de pobreza, compromisso de ressarcimento, etc. Simplesmente, na frente do nome do aluno que constava na ficha de matrícula, ele escrevia a palavra “bolsista” (às vezes, a lápis) e estava deferido o requerimento.
Aquilo era uma convenção para o Tesoureiro, na hora de emitir os carnês, simplesmente pular aquele nome. Decorridos exatos sete anos, aquele nome que antecedia a palavra “bolsista”, passava a constar numa lista colocada em cima de uma mesa bem no centro do palco do Cine Alhambra, onde iriam ser citados os nomes de mais alguns Técnicos em Contabilidade. Que pena que só agora em 2.006, após aposentar-me, resolvi ter a iniciativa de escrever este texto. Que pena que antes eu tinha a correria do dia-adia; que pena que eu só tinha folgas aos sábados e domingos e que teria que dedicar estes dias aos meus filhos que se privavam de mim toda a semana; que pena que eu não pude escrever este texto quando os fundadores do Colégio ainda eram vivos. Como seria bom eu pegar o primeiro exemplar, levar à casa o Sr. José Faustino entregar-lhe e dizer-lhe:

“ Quando, naquela época o senhor não poupava esforços pelos nossos futuros, nós não sabíamos avaliar a sua luta, nós éramos inibidos e não sabíamos falar nada além do trivial em roda de amigos; nós, às vezes, nem gostávamos da sua cara fechada, com a qual o senhor conseguia manter a ordem tão necessária então. Espero que agora o senhor veja o quão valorizamos e somos agradecidos pela garra que o senhor e seus companheiros de luta dedicaram a nosso favor.”

Depoimento Sr Nilo Gomes


José Faustino foi uma pessoa notável, de rara inteligência, com grandes  conhecimentos da língua portuguesa, orador de primeiríssima qualidade e que versava tudo de improviso. Foi ele quem levou a Escola Normal para Alvinópolis; o Colégio Comercial Oficial de Alvinópolis; instalação do município no plano rodoviario do Estado, pedido feito em 1988 ao Governador Israel Pinheiro. O Sr José Faustino foi diretor dos colégios. Foi dele também o pedido feito ao Governador Magalhães Pinto para a construção do Forum em Alvinópolis. Ele também fez pedido ao Governador Magalhães Pinto para Instalação da Cemig em Alvinópolis e ao Dr.José Bonifacio de Andrade para a instalação de cursos complementares na cidade e nos distritos, no que foi atendido. Como jornalista, passou por varias cidades do Sul de Minas, deixando a melhor impressão sobre a sua pessoa. Em Alvinópolis, sua terra natal, atuou como secretário geral da prefeitura. Nós tínhamos um time afinado e José Faustino era uma peça importante.Trabalhou na Prefeitura como secretario e assessor técnico juntamente com o Dr. Mario França, Dr. Frederico  M. Álvares da Silva e seus auxiliares. Ele era uma pessoa muito boa, que pautava suas ações  nos conhecimentos que adquiriu dos seus pais e antepassados. Era combativo  na defesa de suas causas, mas respeitava todas as pessoas, principalmente os mais pobres e indefesos.        

Depoimento José Santana de Vasconcelos.
                    

José Faustino foi um sujeito abnegado pela educação em Alvinópolis. Na época dele, conseguimos criar o ginásio Estadual Anexo em Fonseca e Major. Santa Barbara não tinha. Alvinópolis tinha curso técnico,  primeiro e segundo grau estadual. Foi uma grande conquista. Além da dedicação dele com o ensino, participava de tudo que pudesse vir para melhorar a infra estrutura do município com benefícios para o povo. Foi uma época muito progressista. José Faustino era jornalista, falava e escrevia muito bem. Era muito, articulado e persistente. Eu já tinha alguma influência política e fomos viabilizando as coisas até conseguirmos construir o novo prédio do colégio, que com muita justiça levou o nome de Cândido Gomes, pai do José Faustino.

BIOGRAFIA

José Faustino Gomes nasceu em Alvinópolis, MG, aos 15 de dezembro de 1905, na antiga fazenda "coati". Filho do Professor e Jornalista José Cândido Gomes e de Da. Maria Angélica de Abreu Lima Gomes , ficou órfão de mãe aos 5 anos, perdendo o pai aos 13 anos de idade. Fez o curso primário na cidade natal, iniciando o curso secundário no colégio "São Luis", fundado e mantido por seu pai, estabelecimento de ensino que funcionou até 1918, encerrando suas atividades por motivo da morte de seu Diretor fundador.

TRAJETÓRIA COMO JORNALISTA

Arauto do Sul existe até hoje
Com a morte do pai, ingressou em janeiro de 1919 como tipógrafo na oficina do jornal "O ALVINÓPOLIS", mantendo ainda como editor, em 1920 o jornal humorístico "O esportivo" com a colaboração de um vigoroso grupo de jovens da época(Orlando de Souza, Clodomiro Moreira, José Olinto do Patrocínio, Luiz Afrânio de Avelar e a senhorita e professora Maria de Vasconcelos Moreira).
Em 1920 prestou assistência técnica na montagem da oficina do jornal " O mineiro", semanário editado pelo sr. José Morais.
Em janeiro de 1923 foi o responsável pela montagem da tipografia do jornal " O progresso", semanário fundado pelo saudoso jornalista Dr Orlando de Souza.
Deixou as atividade gráficas por algum tempo para trabalhar na Companhia Fabril Mascarenhas, até junho de 1924, quando se transferiu para Varginha, no Sul de Minas, ingressando nas oficinas do jornal "Arauto do Sul", onde permaneceu até 1926, quando foi convidado para assumir a chefia editorial do "Diário do Sul", em Três Corações - um dos primeiros jornais de circulação diária no interior de Minas, fundado e dirigido por Francisco Pizzolate e Dr. Fábio Pinto Coelho.

Revista Semana Ilustrada.
Naquela cidade tricordiana lançou em circulação, em 1927, o jornal humorístico "O CISNE", prestigiado pela juventude local. Atendendo convite do Advogado Dr. Francisco de Oliveira Naves, em 1927, rumou para Boa Esperança, assumindo a gerência do jornal "A esperança". Em 1928, procurando maior campo para suas atividades, rumou para Belo Horizonte, ingressando como repórter e revisor no Estado de Minas, que então iniciava sua circulação, trabalhando também no "O horizonte", jornal mantido pela Cúria Metropolitana e que mais tarde se transformou no antigo " O Diário". Nessa época passou a colaborar na revista "SEMANA ILUSTRADA", publicação literária na qual despontava um brilhante grupo de jovens intelectuais mineiros tais como Milton Campos, Carlos Drummond de Andrade, Pedro Nava, João Dornas Filho, Moacir Andrade e outros, integrados no movimento modernista liderado por Graça Aranha. Em 1929, foi novamente convocado pelo Dr Oliveira Naves para retornar a Boa Esperança, ocasião em que assumiu a redação do semanário " A Esperança". Com a vitória da revolução de outubro de 1930, em 1931 transferiu-se para Três Pontas, cidade onde lançou em circulação o jornal "Folha do Sul", ao lado do Professor Teodósio Bandeira, tendo idealizado e conseguido com o jornalista Armando Nogueira, do Semanário "Sul Mineiro", formar no sul de minas, a primeira rede de semanários associados, que funcionou até 1932.

VIROU ATÉ TENENTE

Com a eclosão do Movimento revolucionário de 1932, em São Paulo, passou a prestar serviços, como jornalista, ao Departamento de Divulgação da Secretaria do Interior de Minas Gerais, atuando como repórter junto às tropas mineiras que constituíram as Brigadas Amaral e Lery, no Setor de Poços de Caldas. Comissionado no posto de 2º Tenente, atuou na vanguarda das tropas como Oficial de Ligação entre a Brigada Amaral e as tropas federais comandadas pelo General Jorge Pinheiro. Como jornalista e especialmente na qualidade de oficial comissionado da polícia mineira, após o término da revolução foi designado para exercer as funções de DELEGADO MILITAR na cidade paulista de São José do Rio Pardo. Recebido com manifestações de desagrado, conseguiu apaziguar os ânimos e, ao final da sua espinhosa missão, recebeu expressiva manifestação de solidariedade de toda a população civil da cidade através de calorosa mensagem endereçada ao alto comendo das Forças Mineiras, documento então encaminhado pelo Coronel Leryh Santos ao Estado Maior da Polícia Militar de Minas Gerais.

RETORNO A ALVINÓPOLIS - VOCAÇÃO JORNALÍSTICA

Em 1933 retornou a Alvinópolis, iniciando suas atividades jornalísticas em fevereiro de 1934, quando lançou " O Popular", semanário noticioso e político, que atuou intensivamente na vida comunitária alvinopolense.
Em 1926, após a morte do Professor e Jornalista Pedro Policarpo Moreira, suspendeu a publicação do "O POPULAR" e assumiu a direção do "O Alvinópolis", cuja publicação estava interrompida. De 1941 a 1943 residiu em Nova Era e Itabira ( ambas tinham a denominação de Presidente Presidente Vargas), mantendo o semanário "O PRESIDENTE VARGAS", que deixou de circular em 1943. Naquelas cidades colaborou para a difusão do ensino e do esporte. Em Nova Era o jornal patrocinou a fundação do "COMERCIAL F CLUBE" em colaboração com o esportista Ilídio Costa( Diló) e em Itabira o jornal prestigiou a fundação do Aéreo Clube Local e do Vale do Rio Doce Esporte Clube, que depois tornou-se Valério Doce.

ELE FEZ DE TUDO EM ALVINÓPOLIS

Retornando a Alvinópolis em setembro de 1945, instalou na cidade a primeira agencia bancária do município, o Banco Crédito e Comércio de Minas Gerais. Em 1947 foi eleito vereador à Câmara Municipal, da qual foi secretário até o término no mandato. Em 1948, a convite do então prefeito Dr. Frederico Marques Álvares da Silva, assumiu as funções de secretário da prefeitura municipal, cargo no qual se aposentou em 1970 ( De 1936 a 1938 também atuou como Secretário da Prefeitura, afastando-se do cargo em 1939, para retornar em 1948). Exerceu por alguns anos as funções de Inspetor Escolar Municipal, tendo sido o idealizador e realizador, através da Prefeitura Municipal, do primeiro curso intensivo de férias para professoras rurais, com apoio do Prefeito da época. O curso foi depois oficializado pelo Governador Milton campos, que o adotou no Estado. Foi um dos principais fundadores da Associação Rural de Alvinópolis, cuja Secretaria Geral exerceu durante 12 anos, período em que se realizaram 12 exposições agropecuárias com a colaboração efetiva de todos os lavradores. Foi ainda, o primeiro a se bater pela introdução da Fecundação do gado leiteiro, medida alcançada com o apoio do Dr Gustavo do Vale, Veterinário da Secretaria de Agricultura, que aqui instalou o primeiro posto de inseminação artificial da região. Tornou-se prática rotineira para os pecuaristas mais avançados. O resultado é que produção leiteira de Alvinópolis se consolidou e a cidade tornou-se polo.
Construiu o Alvinopolense FC
Foi presidente do Alvinopolense Futebol Clube, em cuja gestão foi construída a sede atual do clube, ampliada em administrações posteriores. A convite e por designação dos Juízes de Direito da comarca, atuou no forum de Alvinópolis como defensor em inúmeros processos, logrando sempre sentenças favoráveis aos réus cujas causas lhe eram confiadas. Por designação do Governador do Estado, exerceu as funções de Promoter de Justiça Interino da Comarca, durante alguns períodos de licença dos titulares. Foi diretor da Coorporação Musical Santo Antônio durante vários anos. Como amador, cooperou intensamente com os grupos de amadores do município, em festivais sempre beneficentes, a favor das obras sociais da comunidade. No desempenho do mandato de vereador, conseguiu trazer para o município em 1950 o escritório da ACAR ( hoje Emater), que tem décadas de bons serviços prestados para o desenvolvimento rural. Foi também como vereador que conseguiu desviar o ramal ferroviário que estava sendo construído entre Nova Era e Dom Silvério, em 1949, com o total de 73 kms. O desvio por Alvinópolis não alteraria a quilometragem oficial.  Infelizmente houve uma mudança nos planos dos governos que pararam de investir em ferrovias.

MAS  O SEU GRANDE LEGADO FOI NA EDUCAÇÃO...

O Colégio funcionou por um tempo no prédio da Câmara 
O seu amor maior a terra natal, levou-o em 1950 a peregrinar pelos gabinetes ministeriais e conseguiu , como desejava, a devida autorização para instalar, em Alvinópolis, então carente de um estabelecimento escolar de grau médio, a Escola técnica de Comércio PROFESSOR CÂNDIDO GOMES, hoje Escola Estadual de 1°e2º graus, completando sua saga a favor do ensino e da cultura da juventude Alvinopolense.


ALVINÓPOLIS EM REVISTA, SUA DESPEDIDA.

Os filhos de José Faustino e o grande Nilo Gomes. 
Já residindo em Belo Horizonte, elaborou os artigos para a obra ALVINÓPOLIS EM REVISTA - Edição especial, exaltando seu amor à terra natal, obra que ele não chegou a concluir, mas que foi publicada graças ao empenho dos amigos e colaboradores. A morte o surpreendeu no dia 24 de dezembro de 1981. Nesta triste manhã do dia de natal Alvinópolis recebeu a triste notícia do falecimento desse Alvinopolense que tanto lutou pelo seu engrandecimento. Os principais  jornais, revistas, emissoras de rádio e tv noticiaram. Além de todo o legado físico, José Faustino deixou  uma família unida, que honra a sua trajetória de amor por Alvinópolis.    


ESTÁ FALTANDO ALGUMA COISA


Falta a cidade de Alvinópolis reconhecer o valor desse homem notável. Quem sabe com uma  uma estátua em ponto de visibilidade na cidade ou mesmo uma rua com seu nome, onde as pessoas circulem e possam dizer com orgulho: essa rua é uma homenagem a um alvinopolense brilhante, que fez a diferença para o futuro de tantas pessoas e tantas famílias, um Alvinopolense de imenso valor. 




quarta-feira, 14 de março de 2018

MANOEL PUIG, O HOMEM QUE FEZ ALVINÓPOLIS VOAR

Puig e sua amada Ritinha

MANOEL PUIG foi um empresário notável, figura fundamental na história recente do município. Seus sonhos e realizações fizeram a diferença na geografia da cidade. Ele foi ajudou a projetar o campo de aviação, levou empresa de taxi aéreo para Alvinópolis, projetou e executou projeto da praça bias fortes, construiu o Cine Alhambra, foi comerciante, importador, foi jogador e presidente do Alvinopolense, gerente de banco, um empreendedor nato que proporcionou à nossa cidade um verdadeiro salto no futuro. Foi um verdadeiro motor de desenvolvimento, um workaholic  multitarefas que colocou Alvinópolis no mapa aéreo nacional. Puig nasceu no ano de 1916 em São Paulo e veio para Alvinópolis na década de 30 a convite do Tenente Manuel de Araújo Porto, interventor do município, para exercer a função de Coletor de Impostos. Em Alvinópolis, apaixonou-se pela jovem Rita Isabel Turrer com quem se casou em 1940 e tiveram 10 filhos. No ano de 1955, o casal que tinha a mesma idade (39 anos) falecia em um acidente aéreo próximo a Caeté.

Alguns Alvinopolenses que vivenciaram essa época e conviveram com Puig nos deram depoimentos muito interessantes.

MAURO SÉRVULO SOBRE O CAMPO DE AVIAÇÃO.


Na década de 50, Manoel Puig, homem de muita visão, com o apoio da Prefeitura de Alvinópolis, construiu o nosso campo de aviação.  Concluída a pista de pouso, PUIG conseguiu que a empresa de aviação de BH, AERO SITA, da qual um dos sócios era o Comandante Jucá, incluísse Alvinópolis na rota dos vôos regulares (diários), entre Belo Horizonte, Alvinópolis, Manhuaçu e Manhumirim. O tempo de viagem entre BH e Alvinópolis era de aproximadamente 30 minutos. A venda das passagens era feita onde é hoje o Ninho da Águia. 
O escritório funcionava num pequeno cômodo, onde as passagens eram emitidas e mantidos contatos por rádio com a sede em Belo Horizonte. Durante um tempo fui agente da Aero Sita em Alvinópolis, indicado por José Américo da Costa Junior, também controlador de vôo.Outros controladores foram o Magela da Caixa e Lourenço irmão de Tatão.Quando chegavam passageiros ou encomendas, o comandante Lopes dava um rasante sobre o gaspar ( as mangas maduras da mangueira da casa de Augusta, caiam todas), avisando da chegada do avião.Era a senha pra enviar um taxi ao campo. Era comum também dar rasantes sobre o campo para espantar os bois que descansavam na pista.

MARIA CARVALHO E O ACIDENTE

Do que eu me lembro, depois do acidente os filhos do Puig e Ritinha foram levados para São Paulo pela família do Puig. Lembro-me do Luís, Mercedes, Norberto, Carmem Lúcia e outros menores. Os que citei foram do meu convÍvio enquanto crianças: Magda Lucia Rodrigues e Mariângela Rodrigues Repolês.

O VEREADOR RODRIGO SOARES PESQUISOU

Puig contruiu o predio p futura Caixa e residencia, porem não foi utilizada devido falecimento. Foi grande empresário do ramo dos eletrodomésticos, bicicletas e motos. Ajudou a fundar a linha aérea Uba/Ponte Nova/ Alvinópolis a Belo Horizonte. Dados conseguidos c o professor Jose Mauro de Figueiredo.

JOSÉ SYLVIO ESTAVA LÁ...

Puig tinha loja de eletrodomésticos, bicicletas, etc, na Rua 5 de Fevereiro, depois transferida para o Gaspar. Morou na casa que hoje é da família de D. Gelta. Acho que foi ele que construiu a casa. Foi gerente da Caixa Econômica Estadual, a agência era na Rua 5 de Fevereiro, onde hoje é a casa de Naná Schettini. Depois transferida para a casa onde hoje mora D. Jovita. Esta casa tem a primeira lage em curva da cidade, próxima do Cartório do Dr. Breno - novidade arquitetônica na cidade, na época. Era muito empreendedor, construiu o campo de aviação da cidade. Eram 2 companhias que faziam táxi aéreo de Belo Horizonte a Manhuaçu/Manhumirim/Ponte Nova, passando por Alvinópolis - Aerosita e OMTA (Organização mineira de transporte aéreo, batizada mais tarde de organização mineira de tombos aéreos porque seus aviões caiam muito). Puig nunca foi raizeiro, curandeiro etc (talvez a fama venha de seu trabalho no hospital, onde atendia as pessoas) Na sua época não havia televisão. Quem trouxe TV para Alvinópolis foi Nilo Gomes Vieira. O acidente com o Puig e D. Ritinha foi em 1953, num táxi aéreo para BH. Em 1945, ao final da segunda guerra mundial, eu morava na casa ao lado, onde hoje mora Conceição, e me lembro da alegria da Dona Ritinha empunhando a bandeira do Brasil e gritando "a guerra acabou". Seria cerca de 20 horas. Espoucaram foguetes, sinos das igrejas badalavam e até a banda saiu para as ruas. Foi um alvoroço na cidade. Poucas pessoas tinham rádio em Alvinópolis, uma delas era o Puig. Trouxe as primeiras máquinas pesadas (tratores) que atuaram por aqui. A primeira bicicleta que comprei foi na loja de Puig, paguei em 10 prestações sem juros... D. Ritinha era irmã de D. Maricas, mãe de Mariângela Repolês".

PEREIRA SANCHES LEMBRA MARCHINHA QUE EXALTAVA O PROGRESSO DA ÉPOCA..

Quem lembra dessa música :"Nós alvinópolense, temos a grandeza de nosso torrão, já temos recebido dos grandes homens proteção. Já nos deram a escola técnica e o lindo campo de avião. Podemos dar os parabéns, ao ilustre cidadão. Já podemos viajar diretamente a capital. Vejam só em que ponto está o progresso deste lugar" Foi no carnaval de 52. Saudoso Dico de João Luiz. 

DIVINO LINHARES LEMBRA O ARROJO EMPRESARIAL

Ele era muito a frente do tempo. Investidor importou certa vez uma quantidade muito grande de bicicletas holandesas marca Ciclone desmontadas, máquinas de costura, motocicletas, geladeiras a querosene para uso na zona rural. Onde não tinha eletricidade vendia em prestações. 2 de seus filhos foram meus colegas de escola primária. Ele fez o campo de aviação, chegava jornal diário de B.H voos diário pela Aero Sita. Era piloto também.

PRESSENTIMENTO

Eu ainda não estudava o primário, acho. Mas, lembro de D. Alódia com um jornal aberto, lágrimas caindo e minha mãe estava junto dela. No passeio da Escola. D. Alódia trabalhava no Bias Fortes . Lembro também ter ouvido um adulto dizer que : os pais foram se despedir dos filhos no horário de aula , pq iriam viajar naquele momento . Alguém disse : eles pressentiram ... foram ver os filhos pela última vez ( Maria das Graças Vieira Santiago)

O SENHOR NILO ERA AMIGO E ADMIRADOR 
Adicionar legenda

O Senhor Puig quando chegou a Alvinópolis, foi meu vizinho, morando em uma casa alugada entre a travessa do hospital e a travessa do jardim, em frente da casa do Sr Benvindo Caetano Machado.  Por ter conhecimentos específicos na área da saúde, o Sr Puig também trabalhava no Hospital, tendo como auxiliares o Dr José Micaré  e o Sr Antonio filho de Totó Filomena, capitaneados pelo grande Dr Mário França. E ele tratava todos do mesmo jeito. Ricos e pobres. Ele fez o projeto e executou a construção da Praça Bias Fortes. Ainda criança acompanhei o plantio da palmeiras imperiais, com a presença de inúmeras autoridades. Mas o tempo passou e nos tornamos  amigos. Eu tornei-me comerciante com loja no gaspar. Fui representante da RCA Victor e da Philips. Fiz muitas recuperações de máquinas de costura manuais e de pedal. O Sr Puig também tinha um comércio ao lado da Farmácia do Sr Dodô. Quando me casei ele me deu de presente  uma estadia no hotel sol americano em Belo Horizonte. Quando chegamos ao quarto encontramos uma linda corbelha de flores enviada por ele. Puig era uma pessoa de inteligência rara, muito trabalhador, amigo de todos e atencioso, principalmente com os mais pobres. Acompanhei a construção do campo de aviação antes de ser prefeito. 
Na ocasião fui eu quem tirei as fotografias da inauguração em que aparecem as autoridades municipais, o Prefeiro Dr Guaracy Vasconcelos. Monsenhor Bicalho, o delegado Neco Gomes e toda a diretoria da Cia Fabril Mascarenhas. As atividades no campo de aviação eram grandes. Grande parte da população viajava de avião. A única estrutura que existia era o local para venda de passagens com a placa AEROSITA, que ficava numa sala do lado, ao lado da Barbearia de Minó, ao lado da casa de José Faustino. No dia do acidente que tirou a vida de todos os passageiros, fui uma das pessoas a conversar com ele. Eu estava na oficina do grande marceneiro André Perez, quando Puig chegou e pediu seu débito.  O Sr André disse pra ele pagar quando retornasse. Puig saiu, foi ao grupo escolar, despediu-se dos filhos e pegou a esposa Dona Ritinha e foram para o aeroporto ( campo de aviação). O acidente aconteceu próximo a Caetés.Recebi a notícia da sua morte com muita tristeza. Fui ao funeral dele. Sua esposa Ritinha estava intacta, mas o corpo do Sr Puig estava desfigurado e não podia ser exposto. Depois do desastre com o Sr Puig a população ficou em choque e desistiu de voar de avião.  O Sr Manoel Antônio Puig foi um grande homem, merecendo grande respeito e admiração de todos os alvinopolenses.

CONCLUSÃO

Com o trágico acidente sumiram também os aviões. A comoção foi grande, assim como o medo da população de voar. Os parentes do Puig mudaram-se para outras cidades. Sua memória e seus feitos foram reconhecidos pelo Sr Nilo quando prefeito, que batizou o então nascente bairro com seu nome, surgindo assim a nossa querida Vila Manoel Puig. 
Houve também muita especulação sobre o acidente mas nem cabe comentar, pois o que ficou mesmo para a posteridade foi o legado, o exemplo de homem realizador, incansável, visionário, apaixonado por Alvinópolis. Por isso, embora nascido em São Paulo, podemos dizer que Manoel Antônio Puig foi um Alvinopolense de imenso valor.